quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

GRAVIDEZ E PARTO

 
 
Desde o início dos tempos, a mulher é vista como sagrada, por ter o dom de dar à luz um novo ser humano. Hoje, apesar de a maioria das mulheres ter se distanciado da sua natureza, é comum as mulheres pagãs retomarem essa ligação, e a maternidade é um momento onde todos os sentimentos – inclusive essa ligação – ficam à flor da pele.
O ato de dar à luz ainda é considerado sagrado. Não deve ser visto como um momento de sofrimento e ansiedade. Você, que está grávida, veja seu corpo como uma dádiva da natureza. O fato de ser fértil e capaz de gerar uma vida dentro de você deve ser visto como algo maravilhoso, porque realmente é. E, por maior que seja a participação do pai da criança, a gravidez até o parto é uma transformação da mulher.
Desse ponto de vista, é chocante pensarmos em como hoje são as práticas obstetrícias: a imobilização forçada da gestante, a indução do parto, o uso de drogas que tiram a consciência da mãe, as intervenções cirúrgicas planejadas antecipadamente sem necessidade, além do tratamento frio dado à mãe e ao recém-nascido.
Existe o consenso de que só uma mulher que pariu pode compreender e apoiar o sofrimento de outra mulher. Atualmente, há o resgate da prática de doulas (A palavra "doula" vem do grego "mulher que serve". Nos dias de hoje, aplica-se às mulheres que dão suporte físico e emocional a outras mulheres antes, durante e após o parto),  ainda que não seja algo difundido comumente.
O Cristianismo transformou o ato de dar à luz em algo impuro, e que a mulher deveria sofrer pois estava pagando pelos seus pecados. O que era visto como sagrado, passou a ser visto como parâmetro para dor: “aquilo doeu mais do que a dor do parto” ou “não existe dor pior que a dor do parto” – conceitos que ficaram na mente de todas as mulheres e transformaram o momento do parto em algo temido e indesejado. O batismo servia para “purificar” aquele bebê. Dentro das crenças pagãs, sabemos como isso tudo é absurdo.
É necessário que as mulheres pagãs conheçam mais sobre a história da maternidade e reivindiquem seus direitos – resgatem rituais para reconsagrar seu corpo e sua alma.
Fundamental é ter em mente que uma concepção consciente implica sexo consciente. Não faz parte do respeito aos nossos corpos induzir uma gravidez sem que você e seu parceiro estejam de acordo. Também não é respeitoso com ele, muito menos com o seu bebê.
“A criança entra no mundo e a mãe alcança um novo nível de consciência; nenhum dos dois será o mesmo de antes” – Isabel Allende.
Dar à luz é como um ritual de iniciação. Não deixa de ser um importante rito de passagem: a futura mãe desce ao mundo das sombras (e da dor), entrega-se à morte (do seu eu anterior), nascimento (da criança) e renascimento (de si mesma como mãe).
O milagre do nascimento de um novo ser. A energia luminosa que transpira do corpo da mulher. O instinto materno. Tudo isso junto e chegando ao mesmo tempo para uma só pessoa: a nova mãe. Ela foi iniciada. Não é mais como as mulheres que não são mães. Apesar de todas as dores que ela sentiu, ela passaria por tudo novamente, por ter esta como a mais intensa e comovente vivência em sua vida.
Tirando os casos onde se faz realmente necessária, a cirurgia cesariana muitas vezes vence pelo comodismo urbano, pelo afastamento da mulher da natureza, pela conveniência e pelas facilidades tecnológicas.
Impede-se desta maneira artificial a metamorfose natural da mulher em mãe, que deixa de experimentar o estágio da dilatação como a entrega total, sem reservas, dissolvendo-se na dor até descer profundamente no próprio ventre da Terra, de onde precisa voltar juntando todas as suas forças para o trabalho final e árduo de empurrar a criança e alcançar o clímax orgásmico da vitória final” – Mirella Faür.
Dentro do possível, a mulher deve manter sua consciência e participação ativa no parto, para depois manter o contato físico com o bebê, acariciá-lo, sussurrar-lhe palavras carinhosas e dar-lhe o peito pela primeira vez.
Para uma mulher pagã, é inconcebível a ideia de “optar” por uma cesariana simplesmente porque “não quer sentir dor”. Para quem tem condições financeiras, há diversas casas de parto e doulas que fazem parto domiciliar. De qualquer forma, há o resgate do parto natural, e se você tiver condições de fazer isso, sem complicações na gravidez, por favor, faça – por você e pelo seu bebê. O parto é uma cerimônia sagrada de iniciação e transformação. Não deixe passar batido.



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