quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

CULTIVANDO O PRANA

 
Cultivando Prana

Por Robert E. Svoboda
Traduzido por: Aline C. Vale*

Seja você quem for e onde quer que viva, você vive a vida bem quando vive no ritmo correto. Force seus caminhos pela vida e a vida irá desgastá-lo; demore muito para caminhar e sua vida irá paralisar.

Encontre seu ritmo adequado, e caminhe conforme este, e a sua existência irá naturalmente elevar um caminho para você.

A vida requer de cada um de nós uma caminhada prudente, um passo que faça cada partícula de nosso ser ressoar harmonicamente. Alguns de nós seguimos esta caminhada com muito esforço, e alguns poucos entre nós já são nascidos prontos para deslanchar. Mas muitos de nós caminhamos em falso como se tivéssemos dois pés esquerdos, tentando em vão intelectualizar a caminhada pela vida, quando tudo que a vida nos pede é que deixemos que nosso prana faça nossa jornada por nós.

Prana é a energia que impulsiona a vida, o poder que anima o corpo, que reaviva a mente, que estimula a alma. Prana é a inspiração, a base e a tenacidade da vida, é a mão firme que guia o leme da vida, a voz sábia do conselho correto, o chamado para a saúde e harmonia que anseia em tornar nossos corpos em porto-seguros, onde poderemos tomar refúgio das tempestades e agitações do mundo moderno. O prana está em trabalho a todo instante, em todas as células de todo organismo vivo, procurando sempre nos liberar das doenças e nos afirmar na saúde – mas é somente naquelas poucas pessoas que são geneticamente destinadas a serem saudáveis, que o prana regularizar-se naturalmente. O restante de nós deve aprender como cultivar o prana.

Pranayama, o “controle” ou “normalização” do prana, é o princípio central das muitas vertentes da yoga oriundas da antiga Índia. O bom gerenciamento do prana é essencial para aqueles que procuram seguir o caminho da Yoga Ashtanga – a yoga dos "oito-ramos" de desenvolvimento pessoal, sistematizada pelo antigo profeta Patanjali. Patanjali ensinou que “yoga é o controle das inconstâncias da mente” (yogas chitta vritti nirodhah), procurada para controlar essas inconstâncias através do controle da respiração, o qual quando praticado corretamente, promove o prana admiravelmente. Infelizmente, desde a época de Patanjali, muitos estudantes e professors de yoga têm correlacionado, de forma descuidada, o pranayama com períodos extra-longos e forçados de segurar a respiração, o que na verdade pode danificar o corpo.

O pranayama sábio começa com observação. Quando você movimenta seu corpo, com que freqüência se questiona o que ocasiona o corpo a se mover? Quando você se exercita, você exercita seus músculos somente ou também a força que os impulsiona? Você se limita somente à postura física quando pratica uma asana, ou você a pratica em nível energético também? Um bom primeiro passo para administrar o prana eficientemente é estar atento à sua postura energética, como são seus hábitos de preservar e utilizar sua energia.

Entenda sua relação natural com o prana e ganhará conhecimento sobre qual método de promoção de prana trabalhará de forma mais eficiente e prática para você. A manipulação correta do prana é metódica, e os rishis, sábios da Índia que dedicaram grande parte de suas vidas examinando as muitas facetas do paradox que é a vida, propuseram uma variedade de métodos que estimulam o prana a seguir um ritmo equilibrado. Eles recomendaram que no início, usemos os princípios do Ayurveda, a ciência da vida da Índia, para balancear vata, pitta e kapha, os três princípios de energia dos seres em corpo físicos / encarnados. Esses Três Doshas, quando fora de balanço e em conflito entre si mesmos, provocam o aparecimento de doenças, e quando ensinados a como cooperar entre si, trabalham auxiliando o organismo. Quando os Três Doshas esforçam-se a um estado de amizade e harmonia, eles servem para fortalecer o agni, ou tejas, o fogo da transformação que nos permite alimentar e nutrir a nós mesmos. Um fogo digestivo potente digere habilmente o prana que consumimos através de nossa respiração e através de nossa comida, e um agni e prana potentes facilitam o desenvolvimento de ojas, o puro “suco” que faz viver valer à pena, unificando corpo, mente e espírito e nutrindo a imunidade das doenças.

Tejas e Ojas fortes em um corpo fornecem ao prana, um bom assento (asana) onde se estabelecer. Um prana bem instalado nos fornece a claridade intuitiva que precisamos para realizar todas nossas ações precisamente, corretamente, com propósito, determinação e entusiasmo. Tal corpo se movimenta não por obrigação mas pela alegria do movimento, que é a natureza do prana. Um prana bem instalado aumenta de forma imensurável nossa habilidade de realizar qualquer postura de yoga (asana). O prana tornando-se cuidadosamente estável através da prática de asanas, afirma o corpo em boa forma para a prática do pranayama, o que pode promover o controle dos sentidos e da mente. Respiração, prana e mente são mutuamente e inseparavelmente relacionados; cultivando bem um deles, os outros dois irão manter-se em ordem. Enquanto muitos yoguis praticam exercícios de respiração para desenvolver prana e mente, outros praticam meditação para normalizar a respiração e o prana. Alguns praticam Svara Yoga, controle do prana e da mente, através de canção, e alguns alinham respiração, prana e mente através de inabalável devoção ao Divino.

Podemos dizer que Devoção é um método supremo para controlar o prana, assim como a fé é a solução suprema para a doença. Uma fé poderosa pode transformar qualquer placebo em uma medicina eficaz, assim como certamente, a dúvida pode tornar ineficaz o mais potente dos remédios. Enquanto a devoção implícita à Realidade na prática de yoga pode compensar possíveis desalinhamentos, não há nível de habilidade técnica em asanas o suficiente, que irá conter as inconstâncias da mente, quando a mente está atormentada pela dúvida. Devote-se a compreender e promover seu prana, e cada um de seus capilares (nota do tradutor: cada uma de suas células) irá em breve expandir-se em pura alegria e vitalidade. Aprenda a ritmar seu prana, e então seu corpo e mente irão automaticamente entrar em balanço. Dedique sua prática de yoga para facilitar e reforçar o fluir do prana pelo seu ser, e gradualmente seu prana passará a direcionar sua prática de yoga. Trate o prana com o devido respeito, e você se encontrará exatamente no centro do fluir da vida.






Copyright © 2000
Robert Edwin Svoboda

Dr. Robert E. Svoboda (Ayurvedacharya) B.A.M.S. (USA
) -
Formado em Medicina Ayurveda e Cirurgia, na Universidade de Pune em 1980, recebeu assim o titulo de Ayurvedacharya (B.M.A.S.). É o primeiro Ocidental a se formar em uma faculdade de ayurveda (1980) e assim ser licenciado para a prática do ayurveda na Índia. Viveu na Índia de 1973-80 e 1982-86. Neste tempo teve contato permanente com o seu mentor Vimalananda Aghori que o tutelou em ayurveda, yoga, jyotish (astrologia), tantra e outras disciplinas. Em junho de 1973 foi o primeiro membro branco a ser iniciado na tribo Pokot no norte do Quénia. De 1975-80 venceu todos os prêmios de excelência acadêmica em ayurveda na Universidade de Pune incluindo o premio Ram Narayan Sharma. Desde 1985 viaja o mundo realizando palestras, ministrando consultoria ensinando e escrevendo. Faz parte do corpo docente como professor adjunto do Instituto do Dr. Vasant Lad, no Novo México e da Universidade Bastyr, Kenmore, WA.  Autor dos livros: The Hidden Secret of Ayurveda (1980), Prakriti: Your Ayurvedic Constitution (1988), Ayurveda: Life, Health and Longevity (1992), Tao e Dharma Tao and Dharma (com co-autor Arnie Lade) (1995) este com edição em português e Ayurveda para Mulheres, Ayurveda for Women (1999). É autor de diversos outros livros sobre hinduismo, tantra, astrologia etc. Dr. Robert Svoboda é sem sombra de dúvida a maior autoridade ocidental do ayurveda. http://www.drsvoboda.com


Aline C. Vale*
Tradutora do texto, é aluna de Ayurveda no Instituto Naradeva Shala, turma 2010. 

ATENÇÃO:
Gostou do artigo, quer divulgar em seu blog ou site, por favor, faça isso de forma correta e divulgue o nome completo do autor como está no artigo, o tradutor e o site do autor e de onde retirou. Muito obrigado

Nenhum comentário:

Postar um comentário